Percorrendo as quatro curtas que compõem à data a filmografia de Tomás Paula Marques, uma preocupação comum sobressai: a do direito à autodeterminação individual e à dignidade em sociedade. Com licenciatura em Realização e Imagem, pós-graduação em Sociologia e mestrado em Criação Cinematográfica, a artista portuense, autora de um cinema simultaneamente subtil e audaz, cunha — em particular nos primeiros três filmes — personagens queer esmagadas entre a procura instintiva de liberdade e autoconhecimento, e a opressão perpetrada pelos intransigentes à diferença.

A sessão inaugural do ciclo Luas Novas apresenta a obra de Paula Marques num ponto de viragem do cinema narrativo linear para uma entusiasmante linguagem experimental, no e fora do ecrã. Os públicos do Batalha assistirão em primeira mão à estreia de um novo trabalho performativo, When We Dead Awaken (2022), extensão viva e material do seu mais recente filme. Uma obra jamais não dissidente, não interrogativa, não justa.