Sempre que o tempo, o espaço e a cultura que nos definem entram em colapso, ou são corrompidos, torna-se inevitável pensarmos em outros futuros possíveis. Um exercício que provou, ao longo da história, ter tanto de escape, como de luta pela sobrevivência. Talvez o aspeto mais mágico desta urgente ficcionalização de formas alternativas de existir seja o facto de, através dela e da sua ligação à potência da inventividade tecnológica, ser viável ler e criticar a realidade crua que nos rodeia.

O primeiro programa temático do Batalha dedica-se a discutir o modo como o género da ficção científica vem absorvendo a discussão de questões que marcaram debates políticos e culturais do século XX e do nosso tempo. Neste ciclo organizado por subtemas — relacionados com subalternidades, controlo, diásporas, ecologia e medo nuclear — cruzam-se diferentes práticas de cinema e inquietações humanas, através de filmes que se apresentam como comentário político, ferramentas de luta e gestos de reivindicação de “futuros preferidos”.

Combinando filmes contemporâneos com cinema clássico, coloca-se no centro do programa a ideia de que o próprio tempo, na construção das sociedades, poderá ser uma mera ficção.

Curadoria de Ana David e Guilherme Blanc