Desde 1998 que Annemarie Jacir, um dos nomes da realização mais proeminentes do mundo árabe contemporâneo, tem trilhado caminho no cinema independente. Escreveu, realizou e produziu mais de 20 filmes e as suas três longas de ficção foram, todas elas, candidatas da Palestina ao Óscar e premiadas nos principais festivais de cinema.

O seu percurso é repleto de “primeiras vezes”: Like Twenty Impossibles (2003), filme de graduação da Columbia University, foi a primeira curta árabe selecionada pelo Festival de Cannes; Salt of this Sea (2008) foi a primeira longa de ficção realizada por uma mulher palestiniana. Investida em contribuir para o reconhecimento histórico e progresso atual do cinema do seu país natal, Jacir tem também desenvolvido projetos de exibição enquanto curadora, tem-se envolvido regularmente em iniciativas de formação, e cofundou a produtora Philistine Films, dedicada a projetos de autores árabes maioritariamente emergentes.

A sua obra inscreve-se numa tradição de cinema palestiniano que se ocupa de uma dupla questão: colmatar a invisibilidade da mundividência palestiniana, e oferecer alternativa à única representação estereotipada a que esta é sujeita pelos mass media. Interessada em contribuir para um livre-arbítrio coletivo na inscrição visual de um imaginário nacional, Jacir fá-lo com uma abordagem assumidamente romântica a histórias impregnadas de sonhos e esperança, protagonizadas por indivíduos que são heróis das suas próprias vidas, numa Palestina ocupada.

O Batalha apresenta a primeira retrospetiva da autora em Portugal, num programa que inclui as suas longas-metragens e uma seleção das suas curtas.