Numa espécie de quebra-cabeças existencial (e formal), este filme reflete sobre o fracasso da esquerda no Japão pós-1968. Ōshima, aqui num estilo mais experimental e eletrizante, conta a história de Endo, jovem cineasta e ativista que salta para a morte enquanto é perseguido pela polícia, e do seu amigo, obcecado em descobrir as circunstâncias desse suicídio a partir das imagens, aparentemente aleatórias, que Endo deixou na sua câmara. À medida em que a busca pela verdade avança, a fronteira entre a sua identidade e a do homem que morreu esbate-se — levando-o a questionar o papel do ativismo político numa sociedade em rápida mudança e deterioração.

Sessão apresentada por Miguel Patrício (curador)